Trata-se de intervenção arquitetônica em instalações para moradia unifamiliar.

A decisão de não demolir o existente surgiu da inspiração inicial de criação do pátio interno, da conveniência de não produzir entulho e, por solicitação do proprietário, de preservar memória e identidade local.

Partimos, então, em busca de alinhamentos coincidentes, que nos permitissem unir os dois edifícios isolados e transformar o conjunto em uma unidade.

Apropriamo-nos do pátio, fenda central, que cobrimos por grandes panos de vidro sustentados por colunas e vigas de aço, independentes das frágeis paredes existentes, e, como um hiato arquitetônico, invadimos e vestimos esse vazio ao longo dos edifícios, buscando assim juntá-los.

Com isso, geramos a união dos blocos, de forma a gozar da luminosidade tropical do situ e permitir a invasão da área externa e sua cena mutante.

Tratamos os espaços adjacentes, definimos ala de suítes, e ala de cozinha, jantar, fumoir e terraço; nas cabeceiras, salão e suíte principal, com vista panorâmica de 360º.

Os vestígios da casa e de suas relações humanas e vidas anteriores impuseram, à nova instalação, adaptações que lhe conferiram um ritmo singular, realizadas como átrio e câmara, construídos com vigas e pilares de madeira de demolição, e suas marcas e memória preservadas, e finalmente o grande pátio em aço e vidro, travessia pela qual se cruza de um bloco ao outro.

Para esta travessia, a lembrar uma rua, ou souck e seus endereços, especificamos calçamento em tijolo de demolição. 

A frustração inicial, ao deparar com a frágil casa original, foi dando lugar ao entusiasmo da descoberta de possibilidades e resultados singulares, provenientes das adversidades que nos provocaram, com suas facetas e influências multiculturais.

Escadas e passarelas, ora em chapas de aço plissadas, ora como resultado de empilhamento de tijolos, são oportunidades bem percebidas de gerar plasticidade por meio da arquitetura.